E tudo começou a falar, até São Pedro resolveu que era muito falatório,
mandou chuva. E não paramos de falar nem assim. E tudo tinha mais um "e" ou "mas" para emendar até o findar da tarde.
Conversamos sobre projetos, sobre o que precisava ser feito, sobre a necessidade de descentralizar a gestão do grupo, sobre o grupo conseguir se
autogerir, sobre amadurecer. Até esqueci de perguntar se o grupo topava. Acabou que teve de topar, no estupor de tanto que falamos.
Distribuímos funções. Apresentamos as necessidades. Traçamos metas... tanta meta e tanto
papelim. Quando for passar pra planilha vai ser um Deus-nos-acuda. Mas vamos que vamos.
Precisamos nos organizar. Preciso diminuir minha ansiedade e empolgação. Preciso entregar o grupo a si mesmo.
No fim, definimos quatro grandes linhas de frente de trabalho para este semestre:
- Definição do Espaço de ensaio;
- Participação do LaPop no Carnaval;
- Criação de um Curso de Capacitação;
- Elaboração de um Espetáculo.
De uma forma geral cada uma destas linhas influencia a outra, dando rumos, limitando e propondo ações. Tudo deve culminar no
Espetáculo, que de forma tranquila e "natural" provavelmente irá representar o esforço aplicado nas demais linhas de trabalho.
É começo de ano, é começo de ciclo, é início de definição. Demos encaminhamento a uma série de ações que terão repercussões na forma como o grupo atua e se direciona no futuro. Foi tanta coisa. O pessoal deve ter ficado muito zonzo. Quando a gestão é compartilhada, é preciso conversar, é preciso distribuir. E isso
leva tempo. Há estratégias que diminuem essa dor. A
Internet está cheia delas. Esperamos que o grupo consiga fazer bom uso e possa crescer com estas ferramentas
(as nossas estão disponíveis no Ambiente de Trabalho). De qualquer forma, é preciso simplificar.
Todos estamos aprendendo. Aprendendo a dançar. Aprendendo a cantar... a sorrir, a gerir, a se relacionar. É tão gostoso saber que ainda estamos aprendendo. Que não sabemos.
Que estamos sabendo e que vamos saber mais.
E aprender a criar e seguir uma nova rotina. Manter-se informado. Informar. Fazer uso dos espaços disponíveis, tomar conhecimento.
Há uma grande esperança de que este Blog seja utilizado de forma frequente pelo grupo. Que possamos estabelecer discussões e que utilizar este ambiente para compartilhar anseios, necessidades e dificuldades.
Não há uma fórmula, uma panaceia universal. A gente deve inventar o nosso jeito tomando como ponto de partida as experiências que já vivemos e compartilhamos.
É preciso descobrir.
Mas o dia não foi só falatório. Fizemos uma incrível visita de campo. O grupo
gritou por uma viagem. Queríamos conhecer o
Balaio de Chita. E que delícia foi celebrar na
Praça do Rosário, em Uberlândia. O grupo cresceu. Os grupos cresceram.
A
Palo Seco, no atrito e na raça. Na
Praça da Bicota, na
Igreja do Rosário, do rosário dos pretos e dos sonhos. Um parto de novidades este espetáculo do
Balaio. A flor silvestre desabrochando do meio do cerrado. Arisca, delicada... perfumosa. Pequenas gotas de passado, uma cachoeira de desconhecido, repiques de outros espaços, beliscando até o Piauí. Gostamos tanto do novo figurino branco, da força do moçambique entrelaçado no espetáculo, das canções de Minas... de Tambor... de Mina(s).
E o de sempre. Ficar até depois
porque dançamos por gosto. E lembrar velhas canções, trocando passos e embaraços. E fazer o ensaio que não houve por que falar era preciso. Ai, o
Baralho, de dois a dois,
de muitos. Desafinos, desatinos, desalinhos, mas no fim tudo tão certo, tão preciso. Precisava, precisava
MUITO. Não tinha ideia.
Ousar. Vale a pena ousar. Primeira vez. Teremos muitas outras... me alegro de saber e reconhecer. Resta pouco da voz, e palavras ainda não se esgotaram. Perdão por serem tantas, grato pela partilha e pela coragem. Por tudo retribuo em esforço: criar a rotina de relatar e condensar as experiências. Sempre... logo após. É preciso aproveitar a corrente,
a onda que traz e o fôlego que permanece.
Hoje não sou Victor. Me chame...
Jererê...
"Oi Jererê, Jererê, Jererê...
Bote no copo que eu também quero bebê!"